Postura dos jornalistas e meios de comunicação foi o fio condutor do debate desta quarta-feira
“Vamos sair da zona de conforto” esse foi um dos apelos dirigidos aos comunicadores e diretores de veículos de comunicação da igreja católica, por Elson Faxina, na manhã desta quarta-feira (30), no 8º Muticom, em Natal (RN).
O jornalista e professor Faxina, que também é atuante na Pastoral da Comunicação (Pascom), foi enfático ao afirmar que é preciso contar de outras formas as notícias. “Precisamos reinventar o que alguns chamam de jornalismo da empatia e da cidadania. Jornalismo não precisa ser tratado só de forma séria, árida – é preciso empatia”. Para ilustrar sua fala Faxina usou o exemplo de Jesus Cristo. “Jesus usava as parábolas quanto lhe perguntavam sobre alguma coisa. O que muda a sociedade não é o discurso é a história. Nós precisamos aprender a buscar parábolas que existem em nossas comunidades, nas pessoas. Precisamos contar histórias”.
Elson também sugere que os veículos da igreja passem a incorporar um novo discurso, uma nova narrativa, buscando não repetir a mesma estrutura dada pela grande mídia. “Uma boa reportagem é uma história contada, mas quase sempre, infelizmente, ela é contada por uma lógica do mercado ou do poder”. Segundo Faxina a grande mídia tem espaço para combater a exclusão, mas para combater as desigualdades nem sempre. “É aí que nós comunicadores cristãos temos que fazer a diferença”.
Para Faxina, sair da zona de conforto também é ter contato com a comunidade. ” Precisamos pisar no barro. Precisamos conhecer o outro para entender a sua lógica”, posição que foi reiterada pelo jornalista e advogado Marcos Guerra, que também participou do seminário. “É preciso revelar as forças e o modo de agir dos novos atores sociais”, apontou Marcos.
Faxina também disse que para ser eficaz o jornalista (o jornalismo) “não precisa ser aplaudido, tem que ser entendido”. Faxina lamentou que para a maioria dos comunicadores sucesso é ser grande. “Nós comunicadores gostamos de entrevistar o governador, a autoridade, mas parece que temos vergonha de entrevistar a dona Maria, o seu José”. Faxina afirma que é preciso combater esse modelo.
Outro aspecto que foi apontado por Elson Faxina foi a necessidade de os meios de comunicação católicos terem um Conselho, que represente a sociedade, para orientar sua programação.
Para o padre Ermanno Allegri, da Agência Adital, outro participante do seminário na manhã desta quarta-feira, é preciso ter de fato os pés na periferia, o coração com os excluídos. “Temos fontes riquíssimas, esses são de fato os que mobilizam, que são fermentos na sociedade. Padre Ermanno alertou que a presença dos veículos cristãos é capilar e chega a locais inimagináveis. “Chegamos ao coração de tantos grupos que os grandes veículos não chegam. Vamos ter consciência maior da grandeza que tem os nossos pequenos trabalhos”.
De Natal (RN) – Jorge Teles