Igreja do Paraná enviou três representantes que serão os articuladores da CF no estado 

Da esquerda: Mariele, padre Jean Poul Hansen (secretário executivo de campanhas da CNBB), dom Ricardo Hoepers (secretário geral da CNBB), diácono Walter e Leoni

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizou na última semana, de 25 a 28 de setembro, o Seminário Nacional das Campanhas, com animadores de todo o país. O encontro aconteceu na Casa Dom Luciano, em Brasília (DF), e a programação ofereceu o aprofundamento do texto-base da Campanha da Fraternidade do próximo ano, além de avaliar a edição deste ano. Um momento especial do seminário foi realizado junto à população em situação de rua no Centro de Brasília, num gesto de proximidade aos que não tem moradia. 

“Ele veio morar entre nós” é o lema escolhido para a CF 2026, inspirado no Evangelho de São João (Jo 1, 14) para conduzir as reflexões sobre o tema “Fraternidade e Moradia”. No próximo ano, a Campanha tem o objetivo de promover, a partir da Boa-nova do Reino de Deus e em espírito de conversão quaresmal, a moradia digna como prioridade e direito, junto aos demais bens e serviços essenciais a toda a população. 

A abertura aconteceu na tarde de quinta-feira, dia 25. Ao final do dia os participantes avaliaram a CF 2025 e participaram de uma Eucaristia pelo Cuidado da Criação, conforme o formulário da Missa aprovado pelo Papa Leão XIV. A primeira vez que essas orações para essa Missa foram usadas foi em 9 de julho, em celebração presidida pelo pontífice numa capela ao ar livre, no local chamado Borgo Laudato Si’, construído em Castel Gandolfo. 

Ao longo da sexta-feira e do sábado, dias 26 e 27, o seminário aprofundou o texto-base da CF 2026. Foram apresentados os objetivos, as motivações e subsídios, e em seguida, foi aprofundado o tema da moradia no Brasil a partir do método ver, julgar e agir. 

No domingo, dia 28, teve a celebração da Via Lucis, o encaminhamento de conclusões e avaliações e o encerramento do encontro com a Eucaristia celebrada pelo bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers. 

 

Participantes do Paraná 

O Regional Sul 2 da CNBB foi representado por três participantes, que serão os articuladores da Campanha da Fraternidade 2026 no Paraná: o diácono Walter Saraiva, da arquidiocese de Curitiba (PR); Leoni Alves Garcia, da arquidiocese de Londrina; e Meriele Haçul, da diocese de Guarapuava. Eles destacaram a relevância do encontro para a caminhada da Igreja no Brasil. 

Diácono Walter avaliou que o seminário ampliou horizontes e ofereceu subsídios valiosos para a preparação da Campanha no Regional Sul 2: 

“Eu creio que essa participação no seminário vai nos auxiliar em muito a divulgação da Campanha da Fraternidade aqui no nosso regional, porque nos traz experiências de todas as partes do Brasil, experiências do trabalho em regiões com muitas favelas, com pessoas em situação de rua e também quanto às articulações nos meios governamentais”, afirmou. 

O diácono também salientou que o encontro permitiu conhecer novos parceiros e iniciativas já em andamento no Brasil, tanto no campo pastoral quanto na articulação política, oferecendo inspiração para fortalecer a missão no Paraná. “Deus nos ajude, que Maria Santíssima, Senhora da Luz, nos auxilie nessa caminhada preparatória da Campanha da Fraternidade 2026”, concluiu. 

Para Leoni, a participação no encontro reforçou a dimensão social e evangélica da luta por moradia digna. 

“Moradia digna é mais que um direito. Para a Igreja do Paraná, a partir de toda a reflexão que nós fizemos lá, é um compromisso sagrado, uma condição para existir”, afirmou. 

Ela destacou que a casa não é apenas uma construção material, mas também símbolo de identidade, pertença e justiça social. Recordou ainda a importância da incidência política e comunitária, para que o direito à moradia seja efetivado, e citou o Papa Francisco, que coloca “terra, teto e trabalho” como direitos universais: “A nossa presença eclesial junto aos mais pobres é importantíssima para efetivar as leis e as políticas públicas. O coração do Evangelho está no cuidado com os pobres e os abandonados”, completou. 

Meriele sublinhou que o seminário foi um momento de formação e aprofundamento da fé a partir da realidade concreta das pessoas sem moradia. 

“Essa experiência contribuirá para a divulgação da campanha nos nossos espaços pastorais, pois permitirá compartilhar em nossas comunidades e dioceses os conhecimentos adquiridos, fortalecendo a conscientização e o compromisso de todos em buscar condições de moradia digna para cada pessoa”, destacou. 

Segundo ela, refletir sobre a moradia à luz do Evangelho e do magistério da Igreja desperta a consciência cristã para a urgência de transformar estruturas sociais que negam direitos fundamentais. 

 

Carta manifesto contra as remoções e despejos no país 

Ao final do encontro, os participantes do Seminário publicaram uma “Carta Manifesto contra as Remoções contra as Remoções e Despejos”. A carta expressa indignação e repúdio à política de remoções e despejos que vem sendo praticada no Brasil. 

“Movidos por um caminho profético de promoção da dignidade humana e mobilizados pela fraternidade, que nos leva a conhecer no outro uma irmã e um irmão, nos posicionamos em defesa do direito fundamental à moradia digna, porta de entrada de todos os demais direitos”, diz um trecho do documento. 

Em referência a um trecho do Texto-Base da CF 2026, a carta afirma que “a falta de um teto digno não é apenas uma carência material, mas expressão concreta da exclusão social que nega a dignidade de filhos e filhas de Deus”. 

O texto manifesta solidariedade às famílias em situação de vulnerabilidade que estão sofrendo processos de remoção e despejo em diversas regiões do país e a disposição e empenho para defender e contribuir na construção de programas e politicas públicas que assegurem o pleno atendimento ao direito à moradia. 

A Carta repudia as ações que a dignidade humana e os direitos fundamentais, atingindo os mais vulneráveis, com destaque para idosos, mulheres, pessoas com deficiência e crianças e o uso da estrutura do Estado para ações que violem os direitos fundamentais do cidadão. 

Enumera também uma série de reivindicações:
➢ Suspensão imediata das remoções e despejos, que ultrajam a humanidade de todos nós e contribuem para a perpetuação da lógica de uma cidade para poucos, às custas de muitos.
➢ Que os direitos de morar dignamente, onde escolhermos, sejam respeitados e a busca por uma sociedade mais justa e igualitária seja posta em ação por meio do cumprimento da Constituição Federal (Art. 6º).
➢ Adoção de Programas e Políticas Públicas Habitacionais e instalação de instâncias de mediação de conflito fundiário em nível nacional e nos Estados, bem como outros equipamentos públicos nos territórios das populações ameaçadas de remoção e despejo, e suspensão de quaisquer procedimentos nas áreas administrativas e jurídicas e apuração das violações de direitos.  

Confira a íntegra:
Carta Manifesto contra as Remoções de Despejos 

Com informações da CNBB

LITURGIA DIÁRIA

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