Treze bispos recentemente nomeados participam, ao longo desta semana, de um curso promovido pela Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O encontro ocorre na sede da CNBB, em Brasília (DF), e visa acolher, orientar e fortalecer os novos bispos em sua missão pastoral. Entre os participantes está dom Evandro Luis Braun, ordenado bispo no último sábado, 5 de julho. Ele assumirá a Diocese de Campo Mourão (PR) em cerimônia marcada para o próximo dia 3 de agosto.
Durante o encontro, estão sendo abordados temas fundamentais para o exercício do ministério, como “A missão do bispo hoje”; “A missão do bispo no Catecismo da Igreja Católica”; “O bispo e a liturgia” e as Campanhas promovidas pela CNBB: Fraternidade e Evangelização. Além das conferências e momentos de formação, os bispos realizam visitas institucionais a organismos ligados à Igreja no Brasil, incluindo o Centro Cultural Missionário (CCM), as Pontifícias Obras Missionárias (POM) e a Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam). Os participantes também farão uma visita à Nunciatura Apostólica e à Edições CNBB.
Sobre a experiência de participar do encontro, dom Evandro compartilhou:

“Este encontro tem me ajudado a compreender a beleza da Igreja: como ela é bela, organizada e vive a comunhão pedida pelo Evangelho. É tocante perceber que os bispos e todas as estruturas eclesiais caminham juntos — algo que também é apontado pelo Sínodo. Ver essa dinâmica concreta da Igreja no Brasil é muito enriquecedor”.
O bispo afirmou que o curso o ajudará a assumir a diocese de Campo Mourão com maior serenidade.
Ao partilharmos nossas experiências, percebemos que os desafios, as exigências e até as angústias são comuns entre os bispos, ainda que cada realidade tenha suas especificidades. Isso fortalece-nos. Saber que não estamos sozinhos no que sentimos e enfrentamos é uma grande bênção. É isso que posso testemunhar sobre estes dias aqui na CNBB”.
Integração e colegialidade
Dom Ângelo Mezzari, presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, destaca que o encontro é fundamental para fortalecer a colegialidade entre os bispos.
“Estamos realizando mais uma edição do encontro com os bispos de recente nomeação, normalmente aqueles nomeados entre julho de um ano e junho de outro. O objetivo, dentro da Conferência Episcopal, é, antes de tudo, fortalecer a colegialidade entre os bispos. Esses novos bispos são iniciados no conhecimento da Conferência, da sua estrutura, da sua organização”, explicou dom Ângelo.
Segundo o bispo, o encontro aborda desde aspectos canônicos, pastorais e litúrgicos, até questões de gestão das dioceses. Para ele, o evento é também oportunidade de vivência comunitária e de partilha entre os novos membros do episcopado.
“É um momento de experiência comum, de reflexão e de oferecer suporte. São momentos muito especiais, que unem também oração, celebração da Eucaristia e convivência”, completou.
Apoio mútuo em tempos desafiadores
O presidente da CNBB, cardeal Jaime Spengler, que ministra uma palestra sobre a missão do bispo atualmente, sublinhou a importância do encontro para criar laços de comunhão e apoio, especialmente em um contexto social e eclesial desafiador.
“É importante o contato com tudo aquilo que a Conferência, a partir da sede, oferece para que cada um, onde esteja, possa se sentir apoiado. Isso expressa um espírito de comunhão e um senso de corresponsabilidade. Hoje, o tempo é marcado por uma complexidade grande, e quem assume o episcopado precisa do apoio de irmãos. A Conferência é esse espaço de convivência e apoio”, disse.
Desafios na nova missão
Entre os participantes está dom José Maria Pereira, bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro, nomeado, pelo Papa Francisco, em fevereiro deste ano. O bispo destacou a importância do encontro, especialmente para quem inicia o ministério episcopal.
“Para mim, tem sido muito importante porque tenho apenas dois meses como bispo. Aqui, temos bispos de várias dioceses do Brasil, e essa troca de experiência enriquece muito. Também estamos recebendo informações básicas sobre o início do ministério, como parte canônica e litúrgica, necessárias no trabalho diário”, relatou.
O bispo compartilhou ainda os desafios que enfrenta ao passar de uma realidade menor para um contexto muito mais amplo.
“Venho de Petrópolis, uma diocese pequena, com 850 mil habitantes e 49 paróquias. Agora estou como auxiliar numa arquidiocese com sete milhões de habitantes, e só o vicariato que me cabe tem 44 paróquias e mais de um milhão de habitantes. O desafio é grande, mas tem sido muito bom, pois tenho muitos assessores e fui muito bem acolhido pelos padres”, relatou.
O encontro segue até sexta-feira, 11 de julho, promovendo integração e fortalecendo a missão dos novos bispos na Igreja no Brasil.
Por Larissa Carvalho | Fotos: Giany Costa | Fonte: CNBB