O bispo de Paranaguá (PR) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB, Dom Edmar Peron, concedeu uma entrevista à Pastoral da Comunicação da sua diocese, na qual responde a dúvidas que são frequentes entre os fiéis na semana santa.  


Lembrando das perguntas que ouvimos e lemos, feitas pelo povo quando começa a Semana Santa e se aproxima a Páscoa, “transferimos” elas para o bispo Dom Edmar Peron e ele nos respondeu, prontamente. Confira: 

  1. O domingo “de Ramos” como chamamos é um dia alegre na Quaresma? Como devemos guardar e usar os ramos que são abençoados nesse dia? 

O Domingo de Ramos é, sim, considerado um dia festivo, pois é quando nós damos início à Semana Santa, na qual celebramos o mistério da nossa Salvação na Páscoa de Jesus. É festivo porque realizamos uma procissão em honra de Cristo Rei. Podemos ver o povo andando pela rua novamente com os ramos nas mãos e fazendo festa para Jesus, o Senhor, o Rei. Essa festividade deve ser depois recordada, quando, ao ver os Ramos guardados em nossa casa, lembramos: eu sou um seguidor de Cristo vitorioso, daquele que foi traído, condenado injustamente, pregado na cruz, morto e sepultado, mas que ressuscitou e está vivo! Isso se torna uma inspiração consoladora, que nos dá mais forças para viver a nossa fé a cada dia. 

  1. Na semana santa as paróquias anunciam e promovem mais momentos para atender os fiéis para a confissão. Porque esse é um momento especial para recebermos o sacramento da penitência? 

Há muitas maneiras de ligar o sacramento da confissão com a quaresma e sua conclusão. Uma delas é especial: a quaresma é um convite contínuo à conversão, ou seja, à uma revisão de vida, daquilo que pensamos, das nossas atitudes, do nosso relacionamento com as pessoas. Uma reorganização do coração, podemos dizer. A palavra de Deus foi nos orientando, o convite à conversão foi sendo insistente ao longo da quaresma. Nesses dias, concluindo o período quaresmal, nos colocamos diante de outra pessoa, no caso o padre ou o Bispo, para o momento da confissão. Reconhecemos nossas faltas e confiamos, acima de tudo, na misericórdia de Deus. Nos colocamos nas mãos dele sabendo que, guiados pelo Espírito, poderemos levar uma vida nova. Desejo que você tenha ainda a oportunidade de se confessar nesse período, mas se não puder fazer nesses dias, antes da Páscoa, procure fazê-lo nas próximas semanas. 

  1. Porque todos os padres se reúnem com o bispo para a missa do Crisma, geralmente na Quinta-feira Santa pela manhã? Só o bispo quem abençoa os óleos nessa missa? Esses óleos são divididos e usados por todos os sacerdotes da diocese?  
Dom Edmar na missa do Crisma, na Diocese de Paranaguá (PR)

A missa do Crisma na diocese de Paranaguá (PR) é celebrada na quarta-feira santa à noite. Isso é para dar oportunidade para os padres virem com representantes de suas comunidades. Trazem os leigos, representando suas paróquias e pastorais, bem como os religiosos, religiosas e diáconos. Essa missa marca a vida da diocese porque ela recebeu um nome bem interessante: é chamada de Missa da Unidade. Os padres concelebram (celebram juntos) com o bispo, consagram o óleo do Crisma. Isso é sinal de unidade da igreja e entre os padres – que nessa celebração também renovam as promessas do seu sacerdócio – e os fiéis que são ungidos com o óleo santo. Assim, nós garantimos o sentido bonito da missa do Crisma, a missa da unidade diocesana. 

Observação: É Missa “do” Crisma, pois trata-se da bênção do óleo do Crisma, que depois é usado no sacramento da Crisma.  

  1. Comer peixe é abster-se de carne, mas para muitos não é nenhum sacrifício, ainda mais quando o prato é transformado em uma iguaria sofisticada. Como devemos agir para manter a espiritualidade desse gesto?  

Essa é uma pergunta que ouvimos muitas vezes. Sobre o comer peixe na semana santa ou não comer carne. Eu diria que hoje em dia nós precisamos considerar que essa orientação da Igreja inclui o jejum e a abstinência de carne. Devemos considerar que esse é um convite para que todos nós possamos fazer uma refeição como a dos pobres. Como os pobres podem comer? Que tipo de comida eles comem? É assim que toda a comunidade deveria fazer. 

Não existe nada mais contraditório na Igreja do que preparar um peixe sofisticado, como o bacalhau, para a Semana Santa. Esse é um tempo de despojamento do Senhor, que não só é despido, mas é crucificado, é morto, é descido à mansão dos mortos. É esse despojamento que nós seguimos ao conquistar um estilo sóbrio, bem simples de nos alimentarmos nos dias da semana santa. Claro que isso deveria inspirar também o nosso modo de nos alimentar ao longo do ano, mas especialmente nesses dias. O jejum consiste em tomar uma refeição no dia, mas devemos considerar a situação de saúde, de doença, do tipo de trabalho que a pessoa faz e, se for necessário, ter mais de uma refeição ao longo do dia. Entretanto, é importante insistir sobre essa possibilidade bonita da vida espiritual, que é fazer a experiência do necessitado. Jejum não é possível sem sentir fome, se alguém quiser fazer jejum e não sentir fome vai se decepcionar. Desejo que a orientação do jejum e da abstinência nos leve a um jeito sóbrio e simples de nos alimentarmos, mais próximo dos pobres. 

  1. Como podemos fazer para que as crianças e jovens percebam que o principal na festa da Páscoa não é o chocolate e nem o coelho? 

Não é tão simples responder a essa pergunta sobre como ajudar crianças e jovens a perceberem que o principal da festa da páscoa é Cristo, o Mistério de sua Morte, sepultura e Ressurreição. Eu acrescentaria ainda que os próprios adultos, nós que professamos a fé, também precisamos continuamente dessa busca, ou seja, compreender o que é o mais importante na Páscoa. Eu diria que um caminho bom para testemunharmos a importância da Páscoa, é como nós organizamos esses dias. Quando organizamos com a preocupação do que iremos comprar para comer, nós estamos indicando para as novas gerações o que é o mais importante: consumir e comer. Quando organizamos pensando em como vamos rezar melhor, como participar das celebrações, como iremos meditar a Palavra, como iremos nos reconciliar entre a família, então nós estamos indicando a eles o que é mais importante na vida: o seguimento de Jesus. O modo para ensinar é testemunhar, é viver coerentemente com a nossa fé. No Espírito Santo nós podemos realizar isso na participação da vida comunitária. Um abençoado tempo de conversão e abençoada Páscoa a todos! 

(Pastoral da Comunicação da Diocese de Paranaguá)

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