Entre os dias 11 e 13 de julho, o Centro de Espiritualidade Passionista (CEPA), em Ponta Grossa (PR), acolheu o Encontro Regional de Liturgia, promovido pelo Regional Sul 2 da CNBB. Com o tema “Liturgia e devoção: análise, desafios e perspectivas”, o evento reuniu 50 participantes, vindos de 13 arqui/dioceses do Paraná.
Sob a coordenação do padre Sérgio Augusto Rodrigues, da diocese de Toledo, o encontro teve como assessores os teólogos: dr. Arnaldo Antônio de Souza Temochko e dr. Adenor Leonardo Terra, ambos com longa trajetória no estudo e aprofundamento da liturgia católica.
Liturgia e devoção: um diálogo necessário
A proposta do encontro foi encarar com profundidade os desafios e as riquezas da religiosidade popular, frequentemente presente nas comunidades, e refletir sobre sua integração com a liturgia oficial da Igreja.
“Durante esse encontro estivemos refletindo com as dioceses presentes sobre o tema da liturgia e da piedade popular, especialmente os desafios que nossas comunidades têm enfrentado diante de algumas práticas devocionistas em desarmonia com a liturgia. Partimos sempre do magistério da Igreja, sobretudo do Diretório sobre a Piedade Popular e a Liturgia”, destacou Arnaldo.
A programação incluiu momentos de oração, partilha em grupos, oficinas musicais, debates teológicos e reflexões práticas a partir de documentos como o Diretório sobre a Piedade Popular e a Liturgia, da Santa Sé, e o Documento 100 da CNBB. A liturgia foi aprofundada como a oração da Igreja, superior às devoções, mas enriquecida por estas quando bem orientadas.
O canto na liturgia
O assessor Adenor Terra contribuiu especialmente com reflexões sobre o repertório litúrgico-musical, analisando cantos marianos e hinos dos santos, sempre a partir da centralidade do Mistério de Cristo. A proposta foi olhar para a música não como mero adorno, mas como elemento estruturante da celebração.
“O Encontro de Liturgia do Regional Sul 2 é sempre uma oportunidade de integrar as dioceses e aprofundar a teologia litúrgica, incluindo a música no contexto celebrativo, com base nos documentos da Igreja e em sintonia com o trabalho da CNBB em nível nacional”, afirmou ele.
A metodologia do encontro valorizou as experiências concretas dos participantes, que compartilharam vivências devocionais em suas comunidades. Foram identificadas dificuldades comuns, como festas de padroeiros fora do calendário litúrgico, práticas não litúrgicas inseridas em missas, e o uso de músicas devocionais em contextos litúrgicos.
Para isso, foram propostas ações pastorais de harmonização entre liturgia e devoções populares, como a valorização da Liturgia das Horas, o cuidado com os cantos e os espaços celebrativos, e o discernimento sobre a autenticidade das expressões populares da fé.
Segundo Roque Cezar Barbosa, da diocese de Toledo, o encontro tocou o coração e renovou o sentido do nosso serviço na Igreja. “As falas do doutor Arnaldo e do doutor Adenor nos ajudaram a olhar com mais profundidade para as práticas populares e compreender como podem estar em harmonia com a liturgia. Saio tocado pela beleza da simplicidade e pelo valor da fé popular quando bem orientada”, disse ele.
O encontro foi encerrado com uma celebração eucarística presidida pelo padre Donizete Aparecido Pugin Souza, da arquidiocese de Maringá, seguida de avaliações, encaminhamentos e sugestões para os próximos encontros.
Para os organizadores e participantes, a liturgia deve ser, como ensina o Concílio Vaticano II, a fonte e o cume da vida cristã. E nesse caminho, a fé popular pode ser um rio que alimenta essa fonte, desde que bem conduzido e iluminado pela Igreja.
Karina de Carvalho Nadal – Jornalista da CNBB Sul 2











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