Nos dias 7 a 9 de julho, na Casa de Formação Juan Diego, em Guarapuava (PR), aconteceu o encontro regional da Pastoral Indígena e Indigenista. Participaram cerca de 140 pessoas, entre indígenas das etnias Kaingang e Guarani, padres, religiosos, religiosas e leigos indigenistas, representando dioceses onde há presença indígena no Paraná.  

O objetivo do encontro foi ampliar os horizontes de conhecimento das lideranças e ministros que atuam nas capelas dentro das aldeias, abordando sobre o rito e o canto litúrgico católico e promovendo a interação com o rito e a mística religiosa do povo Guarani. O tema “Liturgia e canto litúrgico católico”, foi assessorado pelo padre Antonio Eduardo Pereira Pontes Oliveira, da diocese de Palmas-Francisco Beltrão (PR). O tema “Rito e mística Guarani”, foi apresentado por cinco aldeias, intermediado pelos seus professores e o Xamõ’i (líder religioso na aldeia). 

Estruturado em cinco sessões, o encontro foi marcado por momentos de espiritualidade, formação, fraternidade e acolhida mútua. O coordenador regional da Pastoral Indígena e Indigenista, diácono Cirço Aparecido Nabor, foi o responsável pela articulação geral do encontro.  

“Foram cinco sessões de muita atividade e trabalho. Ficou evidente que que sempre precisamos aprimorar, melhorar e avançar para águas mais profundas no conhecimento e aperfeiçoamento das relações interculturais, sendo assim considero que o encontro foi muito educativo”, disse o diácono.   

Ao longo dos três dias, aconteceram vários momentos de espiritualidade, no início e na conclusão das atividades. O encerramento se deu com a celebração da eucaristia, que foi presidida pelo assessor regional da Pastoral Indígena e Indigenista, padre Francisco Lawall.  

“Nesse encontro, procuramos aprofundar a questão litúrgica, procuramos compreender melhor os nossos ritos e as nossas tradições litúrgicas e, por isso, foi muito importante essa convivência nesses dias e esperamos repetir e aprofundar em outra oportunidade”, disse padre Francisco, que é o atual assessor regional da Pastoral Indígena e Indigenista. 

O secretário executivo da CNBB Sul 2, padre Valdecir Badzinski, esteve presente no encontro e destaca que percebeu dois vieses importantes. O primeiro viés é interno, ou seja, foi possível perceber aquilo que as aldeias vivenciam na sua espiritualidade, na sua cultura, nas suas relações comunitárias e familiares. O segundo viés é o aprendizado que nós adquirimos, enquanto igreja do Paraná, a partir dos valores indígenas que eles transmitem. Nós conhecemos muito pouco a cultura indígena e sua fé e esses encontros regionais favorecem o conhecimento e a proximidade a eles. A CNBB Regional Sul 2 quer valorizar, cada vez mais, a cultura e a espiritualidade indígena pois temos muito a aprender com eles”, disse o padre.  

Segundo testemunhos, os indígenas avaliaram positivamente o encontro. Ilda de Souza, da aldeia do Rio das Cobras, afirmou: “Gostei muito do encontro de hoje, foi muito dinâmico, bastante gente, adquirimos muitos ensinamentos”. Andressa Xavier dos Santos, da aldeia de Mangueirinha, disse: “Para mim foi importante aprender um pouco mais como vamos fazer na nossa comunidade, na nossa Igreja. Aprendi muito com os Kaingang e com os Guarani, pois eu sou das duas etnias. Ainda quero vir muitas vezes aqui, pois foi muito bom ter vindo aqui no evento”. 

João Ricardo Fernandes, coordenador dos Guarani, da aldeia do Rio das Cobras, disse estar grato pela oportunidade do encontro. “Agradecemos mais um encontro que aconteceu aqui, que uniu os parentes Guarani e os Kaingang, assim como a participação dos indigenistas. Foi maravilhoso porque a gente cantou, dançou e agradecemos o pessoal que fez esforço de vir participar para que, futuramente, a gente possa evoluir mais. Aprendi muitas coisas”, disse o indígena.  

Pastoral Indígena e Indigenista no Paraná 

A Pastoral Indígena e Indigenista apresenta-se como instrumento de comunhão, participação e transformação, por isso, coloca-se como um elo entre as comunidades indígenas e as paróquias locais e vice-versa, comprometendo-se sempre em criar consciência na sociedade a respeito da realidade indígena e seus valores sociais e culturais. 

O objetivo principal da Pastoral é a formação e a evangelização dos povos indígenas, a partir dos quatro pilares: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária.  As DGAE 2019-2023 estão estruturadas a partir da Comunidade Eclesial Missionária, apresentada com a imagem da “casa”, “construção de Deus” (1Cor 3,9). Casa, entendida como “lar” para os seus habitantes, acentua as perspectivas pessoal, comunitária e social da evangelização, inserindo, no espírito da Laudato Sì, a perspectiva ambiental. Em tudo isso, convida todas as comunidades eclesiais a abraçarem e vivenciarem a missão como escola de santidade. 

Diante disso, a descoberta dessa presença se realiza dentro das culturas. Inserida na vida de pessoas e povos, a Igreja busca escutar suas angústias, compartilhar de suas alegrias e compreender suas mentalidades (cultura indígena). 

(Karina de Carvalho – Assessora de Comunicação da CNBB Sul 2)

LITURGIA DIÁRIA

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