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A Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris Laetitia “sobre o Amor na Família”, foi tema de estudo pelos padres coordenadores diocesanos da Ação Evangelizadora, membros das coordenações da Pastoral Familiar das Arqui/Dioceses e de movimentos que atuam no âmbito da família, através da realização do Regional Sul 2 da CNBB – Paraná, em Curitiba nos dias 24 e 25 de maio. O encontro foi assessorado por Dom João Bosco Barbosa de Souza, Bispo de Osasco,SP, também teve a presença de Dom Francisco Carlos Bach, Bispo da Diocese de São José dos Pinhas-PR.

“Amoris Laetitia”, datada no dia19 de março, solenidade de São José, recolhe os resultados de dois Sínodos sobre a família convocados pelo Papa Francisco em 2014 e 2015, cujas Relações conclusivas são abundantemente citadas, juntamente com documentos e ensinamentos dos seus Predecessores e as numerosas catequeses sobre a família do próprio Papa Francisco.

A Exortação está dividida em nove capítulos

1)    À LUZ DA PALAVRA: Tu e tua esposa, os teus filhos como brotos de oliveira, um rastro de sofrimento e sangue, o fruto do teu próprio trabalho e a ternura do abraço.

2)    A REALIDADE E OS DESAFIOS DAS FAMÍLIAS: a situação atual na família e alguns desafios.

3)    O OLHAR FIXO EM JESUS: a vocação da família, Jesus recupera e realiza plenamente o projeto divino, a família nos documentos da Igreja, sementes do Verbo e situações imperfeitas, a transmissão da vida e a educação dos filhos, a família e a Igreja.

4)    O AMOR NO MATRIMÔNIO: o nosso amor cotidiano, crescer na caridade conjugal, amor apaixonado e a transformação do amor.

5)    O AMOR QUE SE TORNA FECUNDO: acolher uma nova vida, fecundidade alargada e a vida na família em sentido amplo.

6)    ALGUMAS PERSPECTIVAS PASTORAIS: anuncia hoje o Evangelho da família, guiar os noivos no caminho de preparação para o matrimônio, acompanhamento nos primeiros anos da vida matrimonial, iluminar crises, angústias e dificuldades e quando a morte crava o seu aguilhão.

7)    REFORÇAR A EDUCAÇÃO DOS FILHOS:  onde estão os filhos?, a formação ética dos filhos, o valor da sanção como estímulo, realismo paciente, a vida familiar como contexto educativo, sim à educação sexual e transmitir a fé.

8)    ACOMPANHAR, DISCERNIR E INTEGRAR A FRAGILIDADE: a gradualidade na pastoral, o discernimento das situações chamadas irregulares, as circunstâncias atenuantes no discernimento pastoral, as normas e o discernimento e a lógica da misericórdia pastoral.

9)    ESPIRITUALIDADE CONJUGAL: espiritualidade da comunhão sobrenatural, unidos em oração à luz da Páscoa, espiritualidade do amor exclusivo e libertador, espiritualidade da solicitude, da consolação e do estímulo.

O Papa escreve que nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas através de intervenções magisteriais. Por conseguinte, para algumas questões em cada país ou região, é possível buscar soluções mais inculturadas, atentas às tradições e aos desafios locais. Este princípio de inculturação revela-se como muito importante até no modo de articular e compreender os problemas, modo esse que, sem entrar nas questões dogmáticas bem definidas pelo Magistério da Igreja, não pode ser globalizado.

O Papa afirma de imediato e com clareza que é necessário sair da estéril contraposição entre a ânsia de mudança e a aplicação pura e simples de normas abstratas. Escreve: “Os debates, que têm lugar nos meios de comunicação ou em publicações e mesmo entre ministros da Igreja, estendem-se desde o desejo desenfreado de mudar tudo sem suficiente reflexão ou fundamentação até à atitude que pretende resolver tudo através da aplicação de normas gerais ou deduzindo conclusões excessivas de algumas reflexões teológicas» (AL 2). Orienta o Pontífice que o estudo poderá ser de maior proveito, tanto para as famílias como para os agentes da Pastoral Familiar, aprofundar pacientemente uma parte de cada vez, ou procurar nela aquilo de que precisam em cada circunstância concreta.

Em entrevista à imprensa, Dom João Bosco destacou a importância do encontro neste bonito momento em que vive a Igreja de revalorização da família, promovido pelo Papa Francisco: “De uma forma intensa com a Exortação Apostólica Amoris Laetitia seja uma potente mola de propulsão do trabalho da Pastoral Familiar”. Sobre o capítulo que fala da relação pais e filhos e o sacramento do matrimônio, diz dom João que o Papa caprichou em abranger a vida familiar: “Desde a educação dos filhos até os idosos, passando pela formação dos jovens para o casamento e da vivência do amor familiar, o tema central dessa Exortação é a Pastoral do Amor Familiar. A partir dos dois Sínodos, o Papa Francisco faz uma ampla consideração e que por muito tempo vamos aprofundar e aprender a partir deste texto que ele escreveu”.

Dom Francisco proferiu palestra sobre o capítulo 8, em “Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade”. Destacou que o documento é eminentemente de caráter pastoral: “Nos obriga ver com um olhar diferente a família, um olhar mais amoroso, ajudar as famílias a dar os seus passos para que sejam verdadeiras Igrejas domésticas. O diferencial é que possamos olhar com um outro modo e carinho para aquelas famílias que estão em situação irregular. Aos casais em que vivem a segunda união há muito a ser feito na Pastoral Familiar”.

Conforme o número 299 (AL), o Papa Francisco acolhe as considerações de muitos Padres sinodais que quiseram afirmar que “Os batizados que são divorciados e recasados devem ser integrados mais intensamente nas comunidades cristãs de várias maneiras, evitando todas as ocasiões de escândalo.  Alógica da integração constitui a chave do seu acompanhamento pastoral, para que não somente saibam pertencem ao Corpo de Cristo que é a Igreja, mas possam fazer uma experiência feliz e fecunda da mesma. São batizados, são irmãos e irmãs, e o Espírito santo derrama sobre eles dons e carismas para o bem de todos. A sua participação pode manifestar-se em diferentes serviços eclesiais: por isso, é necessário discernir quais das diversas formas de exclusão atualmente praticadas nos âmbitos litúrgico, pastoral, educativo e institucional, podem ser superadas. Eles não apenas devem sentir-se excomungados, mas podem viver e amadurecer como membros vivos da Igreja, sentindo-a como uma mãe que os recebe sempre, que cuida deles com carinho e que os anima no caminho da vida e do Evangelho. Esta integração é necessária também em ordem ao cuidado e à educação cristã dos seus filhos, que devem ser considerados os mais importantes”. Nesta definição não está inclusa a questão dos sacramentos, diz Dom Francisco: “Exatamente. É um Documento de caráter pastoral que não muda a doutrina da Igreja, mas que nos diz que é preciso integrar o máximo possível, com muito discernimento e acompanhamento, as pessoas que vivem em segunda união, porque verdadeiramente é possível que elas estejam muito mais integradas, dependendo de cada situação. Esses casais podem nos ajudar em muitas coisas bonitas na Igreja. Não podem considerar-se e nem nós podemos considerá-los fora da Igreja. Há muito o que eles podem fazer pela vida eclesial e por suas comunidades”.

Por Luiz Carlos Bittencourt, assessor de imprensa da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão

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