Contribuir com o dízimo é uma forma de cuidar da Igreja para que a Igreja cuide dos seus

A ação evangelizadora da Igreja não parou em nenhum momento, mesmo com as igrejas de portas fechadas, a suspensão das missas com a participação de público e a suspensão de encontros e eventos. Sua missão de anunciar o Evangelho e cuidar da vida dos menos favorecidos tem sido realizada de forma nova, criativa e ainda mais intensa. Isso é possível porque a Pastoral do Dízimo realiza um trabalho essencial na Igreja, especialmente, durante essa pandemia do novo Coronavírus Covid-19.

O dízimo devolvido é uma ação de contínuo cuidado com a Igreja para que ela possa cuidar dos fiéis, no nível espiritual e também material. Os ministros ordenados continuam a celebrar a Eucaristia, mesmo sem a presença física da comunidade, também continuam a ministrar os sacramentos, com os devidos cuidados recomendados pelas autoridades sanitárias, continuam a proclamar o Evangelho, mesmo com as portas fechadas, porque a Igreja nunca fecha e, de inúmeras formas, zela e se faz próxima do povo. Além disso, a Igreja continua a exercer a caridade com os mais pobres e necessitados, sendo essa uma parcela da sociedade que aumentou muito nesse tempo de pandemia.

Cuidar da Igreja para que a Igreja cuide de nós. Esse é o elo forte que une a Igreja aos dizimistas. No entanto, a Pastoral do Dízimo, como todas as outras, precisou se reinventar nesse tempo de pandemia, precisou descobrir outras formas para que os fiéis pudessem cumprir essa função sagrada de devolver o dízimo.

A Pastoral do Dízimo na Igreja do Paraná

Assim como numa família, a Igreja, também precisa dos recursos financeiros para se sustentar. Cada paróquia e comunidade tem as despesas comuns com água, luz, telefone, alimentação, funcionários, entre outras. Uma estrutura necessária para que ela possa exercer sua missão, ser a casa de Deus e de todos nós. Mesmo nesse período, em que muitas famílias passam por dificuldades financeiras, a partilha é um gesto concreto de amor a Deus e de compromisso com a Igreja, nossa casa.

Nesse período de pandemia, as dioceses no Paraná têm buscado formas alternativas para manter a Pastoral do Dízimo, que mantém a Igreja e sua missão. Muitas paróquias estão disponibilizando a conta bancária para que os dizimistas façam sua contribuição por meio de transferência, sem precisar ir até a Igreja ou secretaria. Outras, optaram por disponibilizar o envelope do dízimo aos fiéis. Neste caso, o dizimista entrega o envelope na secretaria, se esta já estiver aberta, ou direto ao padre ou agente do dízimo. Outras ainda, já estão usando novas tecnologias, como um aplicativo de celular próprio, no qual o dizimista faz seu cadastro e a devolução do dízimo por meio de cartão de débito ou de crédito. São propostas para facilitar a vida dos fiéis em tempo de isolamento social.

Padre Alexsander Cordeiro Lopes

A arquidiocese de Curitiba orientou as paróquias a utilizarem um método que deu certo em algumas paróquias. “Os agentes do dízimo foram orientados a ligar para os dizimistas durante o mês, mas não para pedir o dízimo, e sim perguntar como a pessoa está, se ficou desempregada, se precisa de alguma coisa, alguma oração especial, se está doente. Se a pessoa estiver passando necessidades, a Igreja oferece ajuda, quer seja material ou espiritual. E, se estiver tudo bem, a Igreja lembra do dízimo para que, justamente, ela possa continuar ajudando outras pessoas que estiverem em dificuldade”, contou o padre Alexsander Cordeiro Lopes, coordenador da ação evangelizadora.

padre Divo de Conto

Essa metodologia de ligar para os dizimistas também foi adotada em muitas paróquias da arquidiocese de Cascavel. Outras, incentivam os dizimistas a realizar a transferência bancária, durante as transmissões das missas pelas redes sociais. Porém, a maioria tem usado o modo tradicional, motivando os fiéis a irem até o escritório paroquial para fazer a contribuição, exigindo a higienização e o uso de máscara para entrar nos ambientes. Segundo o padre Divo de Conto, coordenador da ação evangelizadora, a arquidiocese não deu nenhuma orientação uniforme sobre o dízimo, permitindo que cada paróquia se organize conforme sua realidade.

Padre Alexandre Alves dos Anjos Filho

Também na arquidiocese de Londrina não há uma orientação uniforme para todas as paróquias. Segundo o padre Alexandre Alves dos Anjos Filho, coordenador da ação evangelizadora, desde que foi permitida a abertura das secretarias paroquiais, está sendo investido no contato com as pessoas. “Isso acontece por meio de mensagens nos grupos de WhatsApp das paróquias, perguntando como estão e avisando do horário de funcionamento da secretaria. Isso ajuda a motivar as pessoas a contribuir com o dízimo. Em uma das paróquias aqui da arquidiocese, os agentes do dízimo começaram a ligar para a casa de alguns dizimistas para perguntar como estavam e orientar sobre os cuidados de prevenção. Isso fez muito bem para as comunidades”, contou padre Alexandre.

Padre Gaspar Gonçalves da Silva

Na maioria das 41 paróquias da diocese de Campo Mourão, o recolhimento do dízimo voltou a ser recebido nas secretarias das paróquias, com todas as recomendações de higiene e distanciamento. “Ficamos 20 dias com as secretarias das paróquias fechadas, mas assim que abriram as pessoas começaram a devolver o dízimo, por meio das carteirinhas ou carnês e também com cartão de débito ou crédito, nas paróquias que tem a maquininha”, conta o padre Gaspar Gonçalves da Silva, coordenador da ação evangelizadora.

A diocese de Campo Mourão também aderiu a uma novidade: um aplicativo para celular, chamado “Paróquia Net”, no qual os dizimistas podem agendar o valor e a data que desejam devolver o dízimo e efetuar a transação por meio de cartão de débito e crédito. Nesse caso, não há a necessidade de ir até a paróquia ou igreja. “Nós sentimos que a maioria das paróquias estão conseguindo manter suas despesas normais, porque aqui muitas paróquias vivem somente do dízimo e outras agregam festas e promoções”, disse padre Gaspar.


Entrevista com o bispo referencial para a Pastoral do Dízimo no Paraná

Dom Bruno Elizeu Versari, bispo diocesano de Campo Mourão, é o referencial para a Pastoral do Dízimo do Regional Sul 2 da CNBB. Em entrevista, ele explica sobre a importância da Pastoral do Dízimo neste tempo de pandemia.

1. Dom Bruno, qual a importância de continuar a devolver o dízimo, mesmo num período tão difícil para muitas famílias?

Dizimo é compromisso de fé em Deus, de amor à Igreja e de amor aos irmãos. Devolver o dízimo em tempos tão difíceis é proporcionar condições para que a Igreja não deixe de anunciar a Palavra de Vida, a Palavra de Salvação, o Evangelho e, ao mesmo tempo, tenha condições de tornar-se próxima daqueles que sofrem por não ter as necessidades básicas da vida: comida, remédio e outras necessidades. A Igreja só consegue ser solidária com aqueles que mais necessitam, porque tem fiéis que dão condições para que ela faça isso, através do dízimo e das ofertas que chegam. Tudo isso é revertido em solidariedade com os que sofrem.

2. Como manter os dizimistas encorajados e animados a partilhar e devolver o dízimo?

Quem dá o dízimo, geralmente, são pessoas de fé, pessoas que fizeram uma experiência tão profunda de Jesus e de seu amor, que desejam viver isso na prática do que lhe é mais caro, o seu salário. Devolver o dízimo, mesmo em tempo de dificuldades, é um sinal de maturidade na fé, é confiar que fazendo a experiência da fidelidade a Deus, Ele lhe retribuirá em abundantes bênçãos. Doar o dízimo é criar condições para que os outros também possam fazer essa experiência de serem amados. O gesto de doar, por menor que seja, se for feito por amor, não fica sem receber uma recompensa. Deus é generosos. Quem tem Deus no coração, também tem um desejo imenso de ser generoso.

3. Qual mensagem o senhor deixa para os dizimistas e todos os católicos nesse tempo de pandemia?

Esse é um tempo difícil e não é diferente na Igreja. A Igreja para fazer frente a evangelização e assistência social, ajuda aos necessitados e tantos trabalhos, depende do dízimo e das ofertas. Todo católico, dizimista ou não, deve sentir-se sensibilizado e entender que, juntos, podemos fazer grandes coisas. Em uma situação como essa temos a oportunidade de ser solidários. A igreja conta com a ajuda de todos, para que assim possa continuar cuidando dos que já vivem na graça da fé e também daqueles que, mesmo com fé, vivem na carestia das necessidades da vida. Doar o dízimo é colocar em prática o amor a Deus, assim como nos recorda o evangelista João: “Quem diz amar a Deus a quem não vê e não ama o irmão a quem vê, está mentindo” (cf. 1Jo 4,20). Então eu digo que o dízimo, seja a quantia que for, é sempre uma expressão de amor a Deus e de amor aos irmãos. Isso é viver a fé na prática. O dízimo ajuda a Igreja a ajudar os outros e, na medida em que a Igreja me ajuda a viver a fé, oferendo a Palavra de Deus, a Eucaristia, Sacramentos, eu também dou condições para que ela  atenda a tantas pessoas, que sozinhos não daríamos conta.

Àquele que é dizimista, peço que continue sendo fiel. Àquele que ainda não é dizimista, sugiro que faça a experiência e, nesse tempo difícil, exerça a solidariedade com aqueles que mais sofrem. O dízimo proporciona uma gratidão que só Deus pode dar. Deus abençoe e recompense todos os dizimistas que, com mais ou menos, proporcionam condições para que a Igreja possa continuar a sua missão de evangelizar e de se solidarizar com os mais necessitados.

(Karina de Carvalho – Assessora de Comunicação)

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