
Cerca de cinquenta pessoas da diocese de Guarapuava foram até Aparecida, São Paulo, no último dia 04 de novembro para participar da XX Romaria das Comunidades Afro-Brasileiras que foi realizada naquele santuário, no sábado, dia 05.
Nerci Aparecida Guiné, coordenadora da Pastoral na diocese destaca que o momento foi extremamente importante para todos os que participaram, pois na ocasião, conforme detalha, houve muitas trocas de experiências sobre as comunidades afro-brasileiras de todas as regiões do país. Nerci também conta que se falou muito dos problemas enfrentados diariamente pelo negro em dias atuais não só no Brasil, mas no mundo e se partilhou de soluções. Houve também discussões acerca de novos projetos para os próximos anos em se tratando da comunidade afro-brasileira. “Foi um evento de acolhida, pois sempre nos sentimos em casa no Santuário da Mãe Aparecida. Mas também tivemos a oportunidade de discutir sobre os anseios e os projetos desenvolvidos pelas comunidades afros de todo o país, sem nos esquecer das dificuldades enfrentas enquanto negros que somos no Brasil. A cada encontro, temos a oportunidade de partilhar muitas ideias e de recarregara nossas forças para que possamos trabalhar por mais um ano com muita vontade em defesa de nossa gente”, ressaltou Nerci.
Em seu artigo publicado no mês de novembro, no jornal A Igreja na Diocese de Guarapuava (Boletim Diocesano), o bispo diocesano, Dom Antônio Wagner da Silva, discorre sobre a questão das comunidades negras no Brasil e no mundo. Dom Wagner reflete sobre o dia 20 de novembro, quando se celebra o “Dia da Consciência Negra”.
“O mês de novembro traz, inevitavelmente, à lembrança de nós brasileiros o dia 20 – polemizado em muitos Estados, Municípios, Escolas, Igrejas, na Sociedade como um todo. O calendário de eventos lembra – 20 de NOVEMBRO – dia de COMBATE AO RACISMO, dia de ZUMBI, dia da CONSCIÊNCIA NEGRA. Voltam à tona discussões como cotas; cor (negro, preto, pardo, moreno, branco, etc.); outros aspectos físicos; quilombos; escravidão e aspectos correlatos; racismo (existe, não existe); negritude; Igreja e Religiões de matrizes africanas; práticas sociais; vestimentas; músicas e uma infinidade mais de questões para todos os gostos. Há, também, quem ignore e passe por cima: ‘tais coisas nem se fale entre vós, é melhor calar!’”, escreve o bispo num trecho do artigo.
Dom Wagner participa todos os anos da Romaria em Aparecida, celebra missa no Santuário e é um dos grandes motivadores dos trabalhos pastorais da comunidade Afro-Brasileira no Regional Sul 2 da CNBB.
O encontro deste ano no Santuário Nacional de Aparecida também teve um significado muito especial para os romeiros de todo o país. Neste período, vive-se o Jubileu dos Trezentos Anos do encontro da imagem de Nossa Senhora no rio Paraíba do Sul. À época, o país vivia o período da escravidão. Não bastasse isso, o encontro da imagem foi em uma das regiões de total miséria onde a fome imperava e os desmandos em se tratando de trabalhos era gritante.
Neste ano, o tema proposto e trabalhado foi “O povo de Deus com o olhar da Mãe negra misericordiosa” e o lema em destaque foi “Com a Mãe Aparecida, amor e fé, rumo aos 300 anos”.
O objetivo desta XX edição da Romaria das Comunidades Negras Católicas foi “resgatar a cultura, contemplando o rosto da Mãe Negra, a Mãe da Misericórdia, que se faz presente na nossa história triste e sofrida, mas também nas alegrias e nos desafios da nossa realidade”, detalha o assessor nacional da Pastoral Afro-Brasileira, padre Jurandyr Azevedo Araújo.
Padre Jurandyr também grifou que a cada ano cresce a animação, a organização, a qualidade, a quantidade e o envolvimento de grupos da Pastoral Afro-Brasileira na Romaria. “Temos que comemorar com muita alegria esses vinte anos de caminhada”, finaliza.
Fonte: Diocese de Guarapuava